sábado, 9 de abril de 2011

Sobre as escolhas

                                         
No seu apartamento, ele olhava incrédulo para o cristo, ele tinha que tomar uma postura, tinha que mudar um pouco a rotina que estava acostumado, pois aquilo já o incomodava, eram sempre as mesmas coisas.
Da Faculdade para casa, as coisas jogadas no chão, fotos penduradas na sua parede, lembranças e passado estampados, e ele continuava o mesmo, mas aquela rotina o aprisionava em um casulo pouco sadio.
            Ligou o computador e foi ouvir aqula musica que ouviu outro dia na rua.
            Enquanto aumentava o som, aos poucos deixou seu corpo se mover por conta própria, apagou a luz, não se importava com mais nada, enquanto a musica não acabasse ele não parava de dançar, aquele era um outro universo dele, onde ele se refugiava enquanto ele não se decidia, seu universo musical era mais alegre e mais vivo, mas era só aquilo.
            A Música havia acabado e ele continuava ali parado, era essa a hora de decidir, se ele iria mudar, o que traria também desafios ou se ficaria ali parado deixando a vida decidir por ele.
            Não é assim que as coisas funcionam, está na hora de encarar o desafio.

Ilustração : Heloísa Barbi Perucello - Grande artista e amiga do autor :)

quarta-feira, 2 de março de 2011

O QUE NÓS SOMOS, AFINAL?



Tocava Suzanne Veja na rádio, a música era Tom’s Dinner possivelmente mais velha do que ele.
Por algum motivo ele não conseguia concertrar em nada, mas também não gostava de ficar parado.
O tempo passava, as horas passavam e as pessoas também passavam em sua vida.
Na transitoriedade do tempo, no movimento dos dias.
Chovia, fazia sol, nada, ele estava ali no mesmo lugar de sempre, usava a mesma roupa surrada, bermudas e chinelos havaianas, aquilo era ele.
Não, não importa o que falavam ou o quanto ele mudava, aquilo era ele, na verdade bem menos, todos nós somos matéria e idéia, o resto é besteira, ele dizia.
O resto é sonho, teoria, consumo, fetiche, delírios.
Na verdade é de resto que vivemos todos nós, não gostamos do trivial, quanto mais fantasiosa é a situação mais nos sentimos mais completos.
Completude existe? não e é justamente nossa insatisfação que motiva a criação do mundo.

Música para ouvir:   Take a Picture - Filter