quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Rodo Cotidiano

Pra variar eu estou de novo de madrugada, pensando na vida e avaliando este estranho particular pequeno mundo que tenho ao meu redor.


Estava lendo História da arte, um pouco de filosofia e ouvindo musicas mais agitadas do tipo que se escuta em festas...

Penetrando em minha mente inquietante, me incomoda o fato de ser 4 horas da manha, e que o sol vai nascer em 2 horas, ou seja estou amplamente fora do que estaria considerado certo ou de acordo com a moral vigente hoje....incomoda pois o meio pressiona de forma impressionante:

Tudo abre e fecha durante o dia, a luz do dia é crucial pra isso, enquanto a noite é quieta, e só nos resta esses bares e boates noturnas, pra presenciar e viver intensamente o que a musica proporciona, as vezes fugindo disso, descobrindo alguém estranho, as vezes de modo intimo demais para alguém estranho.

Enquanto amanha, dia de domingo tudo morre, dia de descanso, as pessoas vão a igreja/templo redimir-se de seus pecados, cumprir com seus próprios compromissos, os instrumentos de ócio estão a Mão, mas de certa forma nos restringe novamente, a televisão está especialmente neste dia com o conteúdo mais pífio de todos,só nos resta o computador e a internet, catalisadora de vícios, redes sociais, jogos alienantes, fóruns conturbados, prazeres baratos, mensagem instantânea, estar e não estar de lado de fora....a falsa e hipócrita ilusão de estar em outro lugar enquanto você continua ali na sua casa, no seu quarto e escritório.

Logo bate o remorso, uma dor na consciência por não estar sendo produtivo, ou por estar perdendo tempo com muitas bobagens...

Ainda acho que a rua... é o meio catalisador de vida, encontros, acontecimentos para tudo....estar neste meio publico é vivenciar isso...mas ao mesmo tempo estar perto de casa ainda é estar preso a este mesmo universo próprio...

Por isso gostamos de viajar, de sair dessa rotina inquietante...

Mas quando ficamos de novo muito tempo noutro lugar...e aquilo doutro modo se torna moradia, nos cansamos de novo, e precisamos novamente quebrar essa rotina.

Nossa fuga temporária se concentra em geral nesses meios já citados, alguns partem pra meios um pouco mais radicais, como as drogas legais ou ilegais e outros meios que podem aliviar um momento mas no futuro causar um auto-flagelo para o individuo.

Alguns de nós se ocupam com o consumismo, vão as compras, se enchem de coisas desnessárias como forma de se satisfazer, mas estando nunca contentes e cansados desses brinquedinhos novos se prendem a outras coisas novas e novos fetiches.

Podemos as vezes produzir com esse vazio, as vezes buscar algo belo, algum prazer e há diversas maneiras de expressar isso, diversos hobbies e atividades que podem não só nos ajudar nesse aspecto com trazer um pouco do que nós buscamos pra outras pessoas(musica, pintura, arte em geral, seguir uma ideologia)

Outros se concentram demasiado no trabalho, mas as vezes de forma insana e prejudicial, sentindo insatisfeitos com o esforço e prendendo-se a mais trabalho, esquecendo do que há em volta, uma vida, família, amigos, filhos, pequenos e grandes prazeres...

Podemos também seguir pelo lado esporte, resgatar laços de competitividade, estravazar todo o estresse,e se é esporte coletivo, socializar porque não?

As vezes é bom resgatar alguns valores e prazeres da infância, deliciar-se com o bolo da vó, ir curtir a praia,o parque, a praça, descobrir os lugares com a curiosidade no olhar, ter encantamento por tudo ao redor pois é tudo novo...

Nós seguimos muitas vezes receitas prontas, mas pra que?

Tudo que devemos fazer é o que nós mesmos queremos, não o que os outros ou o mundo quer por nós...

Por mais estranho que pareça cansar-se das coisas no final das contas nos dá um saldo positivo:

Esse fator, essa inquietude, nos faz criar, questionar, perceber, conceber e gerar todo um mundo novo, e nos desconectar de tudo que pra nós é passado...nos faz gerar o futuro.

Se não nos cansássemos talvez vivêssemos sempre presos a pouco ou quase nada e felizes com isso, incapazes de vivenciar e acreditar em idéias novas, eternamente presos ao nosso mundinho, ou seja um grão em um deserto(trocadilho batido).

Afinal o que importa pra nós?

É isso que temos que descobrir...

Um comentário:

Justo disse...

Essa é a vida e viver é isso mesmo, mas também podemos encontrar felicidade e prazer nas nossas conquistas, inclusive acadêmicas, pois felizmente ou infelizmente, para que possamos nos dar ao luxo e cansar e buscar outros mundos exige independência econômica. Assim, a melhor forma de levar a vida é não lutar contra ela, não perdendo de foco o nosso rumo, o nosso sonho, eis que tudo tem seu tempo e todo o sacrifício valerá a pena quando alcançado o objetivo, pois não existe conquista, sem sacrifício. Tovinho